quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Sagrada Família,espelho de santidade





“... enquanto o casal formado por Adão e Eva tinha sido a fonte do mal que inundou o mundo, o casal formado por José e Maria constitui o vértice, do qual se expande por toda a terra a santidade. 

... é na Sagrada Família, nesta originária ‘Igreja doméstica’, que todas as famílias devem espelhar-se... ela constitui, portanto, o protótipo e o exemplo de todas as famílias cristãs.” (Redemptoris Custos, 7 – João Paulo II). 

É por demais sabido e constatado que a família dos tempos de hoje sofre sua maior crise de identidade e de valores. Atacada e desvalorizada por todos os lados, as famílias tomam um aspecto enfermo, doentio, fraco e derrotado. Deste quadro, praticamente nenhuma família escapa, umas mais, outras menos afetadas; o que nos leva a uma reflexão: A família está sem parâmetros e sem nenhuma fonte inspiradora de valores em nosso mundo atual? 

Esta afirmação tem um fundo de verdade. Há uma escassez de famílias, realmente católicas, que testemunhem com a força do Espírito Santo a vivência do Evangelho, testemunho este, que poderia livrar e resgatar muitas outras famílias desta crise. 

Todos somos chamados por Deus a viver a santidade. Nos casais, a santidade deve acontecer no matrimônio, um santificando o outro: “Porque o marido que não tem a fé é santificado por sua mulher; assim como a mulher que não tem a fé é santificada pelo marido que recebeu a fé.” (I Cor. 7, 14). E isto acontece de uma maneira dinâmica e diária. 

Não preciso nem dizer que este caminho não é fácil. Porque é necessário vencer nossas próprias fraquezas; suportar a fraqueza do outro; perdoar e dar o perdão; ser transparente, falando sempre a verdade; dar o braço a torcer; elogiar freqüentemente; saber ouvir; e outros “detalhes” mais. E isto, não só ao casal, mas vale para todos os membros da família. 

São estes momentos em que, para vencer suas limitações, a família mais necessita da Graça de Deus, que em Sua bondade, nos deixou a Família de Nazaré como modelo e exemplo a ser seguido. Família onde reina a paz, a concórdia, a união, o amor, frutos gerados de uma perfeita comunhão com Deus, de um santo temor ao Senhor e de um profundo desejo de santidade que transbordava dos corações de Jesus, Maria e José. 







“...é na Sagrada Família, nesta originária ‘Igreja doméstica’, que todas as famílias devem espelhar-se.” 

Olhar para a Família de Nazaré como modelo de vida é olhar para uma família que em tudo realizou a vontade de Deus e nunca se afastou de seus caminhos. Portanto, é na obediência ao Senhor que nossas famílias poderão encontrar o caminho da verdadeira felicidade. Quando olhamos para o Evangelho, muitas vezes, pensamos somente no Sim de Maria. José também deu o seu Sim quando, renunciando aos seus planos de vida, aceitou receber Maria por esposa e Jesus por filho (cf. Mt 1, 24); e por sua vez, Jesus foi obediente até a morte e morte de cruz (cf Fil 2, 8). Sendo assim, na Família de Nazaré, nós temos um completo testemunho familiar de obediência ao Senhor. 

Deus é o Sumo Bem, fonte de todo benefício e de toda graça. Quando as famílias se afastam ou se fecham (deliberada ou “ignorantemente”) a esta fonte, passam a não mais gozar dos benefícios de Deus e se tornam alvos fáceis das armadilhas do inimigo, que quer exatamente isto. Veja o que o Arcanjo Rafael advertiu a Tobias: 

“O anjo respondeu-lhe: ‘Ouve-me, e eu te mostrarei sobre quem o demônio tem poder: são os que se casam, banindo Deus de seu coração e de seu pensamento, e se entregam à sua paixão como o cavalo e o burro, que não tem entendimento: sobre estes o demônio tem poder.” (Tobias 6, 16-17). 

Quando se coloca Deus de “lado” na família, deixamos uma “brecha” (bem grande!) por onde o inimigo entra e, no lugar dos benefícios que vem de Deus – paz, alegria, caridade, fé, esperança, perdão, cura, libertação, salvação, segurança, fidelidade, temperança, equilíbrio – o inimigo se aproveita para semear os seus malefícios: intranqüilidade, briga, confusão, divisão, ódio, vingança, adultério, mágoas, ressentimentos, vícios, morte! 

Por isso, ao olharmos para a Sagrada Família, que com sua vida, exemplo e força nos inspira a viver no mesmo caminho de santidade. Somando-se famílias e famílias que vivam se espelhando em Jesus, Maria e José, teríamos, sem sombra de dúvidas, uma sociedade e um mundo melhores e com muito mais qualidade de vida para todos. Se nossa sociedade e nosso mundo ainda não são assim, é porque faltam famílias trilhando este caminho. Hoje o Senhor te convida a se consagrar e confiar sua família a família d’Ele, para que você e toda sua família brilhem a Sua presença no mundo.



por comunidade shalom

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Foi por mim que Ele veio





No frio, no humilde estábulo,
como é lindo, o menino Jesus!
Ó graça, ó prodígio, ó milagre
Sim, foi por mim que Ele veio.

Contemplando a grande angústia
dos filhos que muito amou
o Pai numa santa embriaguez,
Lhes dá o Verbo Adorado.

este doce Cordeiro, este Pequenino,
É o Eterno e a Verdadeira Luz,
É Ele que Reina no seio do Pai
e vem nos dizer tudo sobre Ele.

Ó pura, ó doce visão!
É em minha alma que se opera
O grande, o sublime mistério,
a nova Encarnação!

Não vivo mais, Ele vive em mim
Oh! è já o face a face
A visão que nada esmorece
Atrvés da sombra da fé

Ele veio revelar o Mistério
Mostra os segredos do Pai,
levar de claridade em claridade
até ao seio da Trindade.

Oh, como se está bem no silêncio,
Ttu meu Só, meu Único Tudo,
Tu bem o sabes, a tua noiva 
É uma pequena esfaimada.

Ela tem fome de comungar seu Mestre,
sobretudo de ser por Ele comungada,
de bem lhe entregar todo o seu ser
a fim de que seja toda tomada.

Oh! que seja toda invadida 
A que não vive senão de Ti.
Tua coisa, Tua hóstia viva,
consumida por Ti na Cruz.

Ja cumpri m8inha obrigação,
Ó meu Cristo, alimentei-Te bem?
saboreaste as verdadeiras delícias
Na alma de tua pequenina?

beata  Elisabete da Trindade
Natal de 1901
(25 dezembro 1901)





o Verbo se fez carne e habitou entre nós

As três primeiras conversões ao evangelho que testemunhamos após chegarmos em Missouri, há dez anos, foram o resultado de um estudo ministrado em nossa casa sobre a vida de Cristo.  Não era a primeira vez que percebia que a história tinha poder, mas, dessa vez, os meus olhos ficaram mais abertos.  Nos meus esforços na pregação, foi muito tarde que percebi que a mensagem pregada por Mateus, Marcos, Lucas e João não era apenas importante no trabalho de alcançar o perdido, mas era essencial e central.

Toda a Escritura é a palavra de Deus, a revelação da sua vontade, mas jamais a natureza e a mente de Deus tinham sido mais plena e poderosamente reveladas do que quando o Filho de Deus se revestiu de carne humana e habitou entre nós.  A Verdade de Deus se fez carne na frágil vulnerabilidade e mortalidade do corpo de Jesus de Nazaré.  Na encarnação de Jesus, como em nenhuma outra revelação, vemos o Servo-Deus amoroso, santo e em agonia, o qual se esforça para alcançar-nos.  É o quanto basta para quebrantar o coração obstinado de qualquer pecador.

Talvez as palavras de Atos e das epístolas tenham tido tão pouco impacto em nossas mãos para convencer o coração dos pecadores porque não fizemos um bom trabalho para fazê-los conhecer aquele que se acha atrás de cada palavra dos "escritos sagrados".  Certamente há muito mais no "pregar Jesus, o Cristo" (Atos 5:42; 8:35; 11:20) do que apenas contar a história de sua vinda ao mundo em carne humana, mas é por onde tem que começar.  Foi o próprio Senhor que disse:  "E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo" (João 12:32).  A história da cruz, com todos os acontecimentos que conduziram a ela, é o ponto principal da mensagem cristã.  Não podemos negligenciá-la nem deixar a outros a tarefa de contá-la.  Devemos conhecer a história para completar nossa própria vida espiritual, e devemos ter condições de contá-la àqueles que jamais a ouviram.

Uma coisa tem me impressionado profundamente em meu estudo sobre a vida de Cristo:  que a semente de cada verdade proferida nas epístolas se encontra de modo poderoso nos Evangelhos.  A conduta e os valores fundamentais são ensinados ali, na carne e no sangue do Filho de Deus, preparando o coração para receber a instrução detalhada e prática, nos demais escritos do Novo Testamento, para a vida pessoal e na igreja.  A vida de Cristo não é um sentimentalismo débil que deve ser reservado até que se tenha tratado de questões mais práticas.  É, antes, a força motivadora e o fundamento de cada preceito bíblico.  Quando a nossa pregação é desamarrada da história do Deus que se fez carne, ela sempre perderá a força.  Há quem tema que o muito tempo gasto nos evangelhos pode fazer da fé comprometida e informada um sentimentalismo sem convicções.  Pelo contrário: é o pouco tempo gasto com os evangelhos que nos faz perder a própria admiração reverencial e o amor que fazem de cada palavra das Escrituras a palavra do Filh de Deus, uma palavra para ser entendida e obedecida.  É vindo a conhecer o Cristo da palavra que a palavra de Cristo se torna um poder transformador.

Essa edição da revista foi preparada não para desviá-lo do estudo aplicado e contínuo de todo o escrito divino, mas para lembrá-lo do caráter central de Cristo e da importância vital para a conversão dos perdidos e para a transformação dos salvos.  Gratos aos homens dedicados que tão bem escreveram sobre este assunto, convidamo-lo a ler os artigos que seguem.  Têm por objetivo apenas ajudar em algumas coisas, mas não são exaustivos.  Esperamos que façam você cheirar o suor e sentir a angústia de nosso Amigo e Irmão, que veio a nós quando não queríamos ir a ele e nem podíamos.  Esperamos ainda que os artigos o encham do desejo de conhecer melhor a história e contá-la com mais eficácia. "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos sua glória, glória como do unigênito do Pai" (João 1:14).

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

você é chamado a ser sacerdote, profeta e rei.

A Igreja nos ensina que pelo Sacramento do batismo, todo batizado possui uma identidade única que fica gravada para sempre: é sacerdote, profeta e rei.
Na liturgia de hoje, Isaías teve um chamado e dentro desse chamado contemplou aquilo que vivemos hoje: viu os anjos glorificando o Senhor, assim como nós o glorificamos na Eucaristia.
Na revelação de Deus, Cristo Jesus se apresenta como sacerdote, profeta e Rei das nações; e anuncia a todos a verdade do Reino.
No Evangelho, Simão sai para pescar e o Senhor o manda lançar suas redes em águas mais profundas, a ser pescador de homens.

Hoje também, Deus nos chama a sermos pescadores de homens, a testemunhar, a dar a vida pelo reino, a viver verdadeiramente o nosso Batismo.
O mundo, mais do que nunca precisa de esperança, por isso precisa de nós. Devemos ser verdadeiros cristãos. Padre Serginho dá o exemplo de como um cristão não agir, citando a novela apresentada no horário nobre e diz: “Devemos ser o oposto de tudo aquilo. Aquilo é um exemplo de como um filho de Deus não deve se comportar.”
Hoje somos chamados a sermos sacerdotes, profetas e reis. “Você é um sacerdote, profeta e rei, porque recebeu o sacramento do Batismo”.
Padre Serginho pede que paremos de acatar as coisas que o mundo ensina e termos medo do mundo. Ele diz: “É o mundo que precisa ter medo de você!” Os cristão devem viver o chamado de Deus sem medo. È Jesus mesmo que nos fala: “Não tenhais medo!”
Somos chamados a sermos sacerdotes, profetas e reis e assim como Jesus viver verdadeiramente o nosso Batismo.
Padre Serginho


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

bem perto vou estar

        Difícil querer definir amigo.              

Amigo é quem te dá um pedacinho do chão, quando é de terra firme que você precisa, ou um pedacinho do céu, se é o sonho que te faz falta.

Amigo é mais que ombro amigo, é mão estendida, mente aberta, coração pulsante, costas largas. É quem tentou e fez, e não tem o egoísmo de não  querer compartilhar o que aprendeu. É aquele que cede e não espera  retorno,  porque sabe que o ato de compartilhar um instante qualquer contigo já o alimenta, satisfaz. É quem já sentiu ou um dia vai sentir o mesmo que você. É a compreensão para o seu cansaço e a insatisfação para a sua reticência.

É aquele que entende seu desejo de voar, de sumir devagar, a angústia
pela compreensão dos acontecimentos, a sede pelo "por vir". É ao mesmo  tempo espelho que te reflete, e óleo derramado sobre suas águas agitadas. É   quem fica enfurecido por enxergar seu erro, querer tanto o seu bem e saber que a perfeição é utopia. É o sol que seca suas lágrimas, é a polpa que adocica ainda mais seu sorriso.                                                                           
  
Amigo é aquele que toca na sua ferida numa mesa de chopp, acompanha suas vitórias, faz piada amenizando problemas. É quem tem medo, dor,  náusea, cólica gozo, igualzinho a você. É quem sabe que viver é ter história pra contar. É quem sorri pra você sem motivo aparente, é quem sofre com seu  sofrimento, é o padrinho filosófico dos seus filhos. É o achar daquilo que você  nem sabia que buscava.                                                      
                                                             
Amigo é aquele que te lê em cartas esperadas ou não, pequenos  bilhetes em sala de aula, mensagens eletrônicas emocionadas. É aquele que te ouve ao telefone mesmo quando a ligação é caótica, com o mesmo prazer e  atenção que teria se tivesse olhando em seus olhos.                                      
 
Amigo é multimídia. Olhos....                                                                          

Amigo é quem fala e ouve com o olhar, o seu e o dele em sintonia telepática. É aquele que percebe em seus olhos seus  desejos, seus disfarces, alegria, medo. É aquele que aguarda pacientemente e se entusiasma quando vê surgir aquele tão esperado brilho no seu olhar, e é quem tem uma palavra sob medida quando estes mesmos olhos estão amplificando tristeza interior. é lua nova, é a estrela mais brilhante, é luz que  se renova a cada instante com múltiplas e inesperadas  cores que cabem todas na sua íris.

                                                                                                     

Amigo é aquele que te diz   "eu te amo" sem qualquer medo de má interpretação:   
Amigo é quem te ama "e ponto".  
É verdade e razão,   sonho e sentimento.
 
  
Amigo é pra sempre, mesmo que o sempre não exista.   





quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

a recompensa de amar



O que é o Amor?
Quando se ama realmente a maior felicidade que se pode ter é ver o irmão feliz, realizado.
O verdadeiro amor não requer trocas.
Já dizia Santa Teresinha do Menino Jesus: ”Sem contar eu dou; convencida de quem ama não sabe calcular.”
O amor é uma eterna doação: remete-se ao outro o que há de melhor.
Quando o amor é autêntico entendemos que o outro não tem necessidade de demonstrá-lo na mesma intensidade e da mesma maneira que nós.
Sabe qual é o maior erro que se pode cometer?
Fazer benefícios a uma pessoa e esperar recompensa.
Recompensa aqui não encerra apenas o material, mas um gesto de admiração, de agradecimento. Cuidado!!!
Será que não estará amando você no outro?
Jesus é puro amor pois se doou totalmente, por mim por você.
Fez TUDO sem esperar aplausos ou admiração.
Apenas amou...
Amou tanto, até derramar a última gota de sangue .
Foi massacrado, flagelado por amor.
Entenda que quando se ama, o verbo doar sobrepõe ao receber: é um eterno doar, doar,doar, doar cada vez mais doar -se com alegria, sem esperar NADA em troca.
A recompensa é Deus mesmo!
O próprio Jesus se encarregará de cumular sua vida com muitas consolações.
Seu coração será um poço fecundo, repleto de AMOR, desejoso para transmitir ao próximo o mesmo gozo que experimenta.
Não há alegria mais completa!!!

Hino da Amizade



Hoje posso perceber o valor de uma amizade,
pois divino amigo, com carinho me ensinastes.
Se eu pudesse compreender o tamanho do seu amor por mim
mais nada esconderia daquilo que já sabe
tudo te entregaria
Jesus minha alegria, meu amigo.

Hoje posso perceber que um amigo de verdade
não sou eu a escolher, pois em mim o enxertastes
que é mais facil te seguir ao lado de um amigo.
E mesmo se ele tropeçar ou tão fraco vacilar
queres Senhor que eu encontre a ti a tua vida
no coração de um grande amigo.

Amigo fiél refugio poderoso,
quem o descobriu encontou um tesouro.
Prefiguração de Deus,
certeza do céu,
quero te-lo aqui no peito meu,
meu Anjo, meu abrigo, meu amigo fiél
refugio poderoso,
quem o descobriu encontrou um tesouro,
permaneceremos até o fim
na amizade do Senhor
e se me amar-te causar a dor
com o mesmo amor me cures meu amigo.

Hoje posso perceber que a glória da amizade
existe em todo perder, 
na renuncia da vontade.
Para ter um bem maior, a misericórdia do Senhor
e salvar quando preciso for como a cada dia salva eu sou.
Quero realmente amar assim
e nunca abandonar os meus amigos.

Deus, meu Deus cuida de mim
e dá-me ser amigo
de ti amado Salvador de meus irmãos queridos.
Levá-me onde quiseres esposo de minh'alma
e quando longe eu estiver
e saudades levar comigo
seja ela esperança de reencontrar
o coração de um grande amigo.

Amigo fiél refugio poderoso,
quem o descobriu encontou um tesouro.
Prefiguração de Deus,
certeza do céu,
quero te-lo aqui no peito meu,
meu Anjo, meu abrigo, meu amigo fiél
refugio poderoso,
quem o descobriu encontrou um tesouro,
permaneceremos até o fim
na amizade do Senhor
e se me amar-te causar a dor
com o mesmo amor me cures meu amigo fiél,
quem o descobriu encontou um tesouro.
Prefiguração de Deus,
certeza do céu,
quero te-lo aqui no peito meu,
meu Anjo, meu abrigo, meu amigo fiél
refugio poderoso,
quem o descobriu encontrou um tesouro,
permaneceremos até o fim
na amizade do Senhor
e se me amar-te causar a dor
com o mesmo amor me cures meu amigo.



altar da amizade


”Tiram o sol do mundo aqueles que tiram a amizade da vida.” 
              

  O nosso coração tem sede de ser completo, somos assim, com lacunas em nosso ser, espaços a serem preenchidos com a presença de Deus! Com o Deus a Quem voltamos as nossas orações, o Qual recebemos nos Sacramentos, mas também o Deus que habita o coração dos nossos amigos, surgindo aí a necessidade de nos relacionar cada vez mais profundamente, ter amizades verdadeiras, relacionamentos verdadeiros!
                Em um mundo de cheio de inseguranças e desconfianças não é fácil criar laços profundos. O medo de nos expor, de mostrar nossas verdades, de rasgar o nosso coração ao irmão, nossas reservas pessoais, associadas às frustrações em relacionamentos anteriores, decepções, traições, faz com que vivamos cada vez mais sozinhos – mesmo que isso não seja o que realmente desejamos. Encontramos muitas pessoas na solidão, mas com o coração sedento de ter alguém por perto, alguém em quem confiar, partilhar, rir e chorar. Mas que permanecem sozinhas, por medo de abrir o coração, com medo de se ferir novamente, por desconfiar...
                Temos sempre de nos lembrar que não existem certezas e seguranças para aqueles que são amigos de verdade. Da mesma forma como não estaremos certos de que aquele amigo não nos abandonará, não trairá. É correr sempre um risco!
                 Jesus veio nos mostrar o quanto vale a pena correr este risco, por isso escolheu doze homens cheios de defeitos e limitações, mas que também tinham muitas qualidades! Arriscou e confiou ao escolher Pedro, Mateus, João, Tomé e todos os outros, assim como arriscou-se e confiou ao escolher Judas Iscariotes como um de seus apóstolos, revelou Seus segredos, amou, cuidou, mas ainda assim foi traído.Cada vez que amamos, corremos um risco e isto nos aproxima do Senhor!
                Jesus vem nos mostrar que correr esse risco vale a pena se vivermos a amizade no amor que se doa e que quer fazer o outro feliz. Podemos até pensar com desconfiança, pois Judas traiu o Senhor, mas ao mesmo tempo podemos refletir que outros onze Lhe foram fiéis e uma multidão que veio após assumiu o compromisso com as Suas causas, com a vontade do amigo – Deus, seguindo o ensinamento máximo da amizade deixado por Ele:
Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos (Jo 15, 13).
                Este é o ápice de uma amizade verdadeira, o ponto máximo de nossa entrega a um coração amigo - doar a nossa vida em favor do outro - Doar a nossa vida é fazer de nossas amizades um altar – altar o lugar da oblação, dos sacrifícios, da entrega, do oferecimento de nós mesmos, dos nossos gostos, desejos, nossas verdades.
                Amizade é altar, é lugar da renúncia pessoal, onde escorre vida, lágrimas, sentimentos, sangue. Quanto mais nos doamos, mais nos fazemos altar e assim mais próximos do Coração de Jesus nos encontramos!
                As amizades verdadeiras são sagradas, são aquelas que a todo instante - nas partilhas, na verdade revelada - os amigos expõem suas qualidades, mas também suas misérias, suas fraquezas, se entregam, se lançam! E podemos dizer que aí se deita a toalha branca sobre os altares da nossa vida, acendem-se velas que se consomem no amor, e celebra-se também Eucaristia, a presença viva de Jesus em nós!
                 Ser altar é nossa maior necessidade hoje! Estabelecer laços, amizades que nos elevam! O altar nos leva a alcançar a Deus. Se uma amizade não me leva ao Senhor, ela perdeu a sua essência!




Santo Agostinho nos ensina que “um amigo é uma única alma habitando dois corpos”. Só se aprende o que é ser a metade da alma de alguém sendo verdadeiramente essa metade, vivendo essa amizade, habitando no também o coração do outro.

                A amizade é fonte, de águas puras, que correm, que se doam espontaneamente. O amigo também vai ao encontro de quem precisa e não espera que venham até ele. Não podemos correr o risco de fazer de nossas amizades um poço, esperando que venham até nós para saciar-se - água parada logo cria lodo, sujeira e fica com mau cheiro. Perde-se a graça da amizade, da doação, da entrega!
                A verdadeira amizade nos revela a importância de se estabelecer laços fortes, de cativar e por essa razão, torna-nos responsáveis, já nos diz Saint Exupéry, autor de “O Pequeno Príncipe” - “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, logo, ao cativarmos alguém, roubamos o seu coração, nos responsabilizamos também por sua vida, somos ETERNAMENTE responsáveis por esse anjo-amigo que Deus nos deu, exigindo de nós confiança e o compromisso com o partilhar de vida, de histórias: preocupações, alegrias, tristezas, sucessos, fracassos… assim como nos comprometemos com o partilhar do Pão!
                À medida que confiamos nas pessoas, nos revelamos a elas - o termômetro de nossas amizades é a nossa confiança - quanto mais comunhão, mais confiança - sinalizamos que estamos cada vez mais entregues ao Senhor e por isso não temos medo de nos doar.
                Já diz o Livro Sagrado, em Eclesiástico 6, 14s - “Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua fé.”
                Quantas das vezes estamos em situações difíceis e os nossos amigos vêm em nosso favor, nos sentimos desamparados, sozinhos, abandonados diante das mais diversas situações e um simples abraço amigo nos dá toda a segurança do mundo. Por isso já diz o Autor Sagrado, “Quem o achou, encontrou um tesouro” - Amigos são tesouros, assim como o outro, a prata e o diamante, muitas vezes brilhantes e reluzentes - os dons, as qualidades afloradas - engrandecem o nosso viver, mas por vezes também encontramos nossos amigos como pedra bruta, à vezes com aparência de cascalho, sujo - cheios de defeitos e limitações - e cabe a nós a ajudá-los a se descobrirem, a resgatarem a sua essência, lapidar! Assim como nós muitas vezes precisamos de ter nossa sujeira lavada, nossas arestas aparadas, enfim, ser lapidados, pelas mãos amigas, continuando assim a obra do Divino Artista!
                Certa vez ouvi de um poeta - amigo que felizes são aqueles que o amam com seus jardins, com suas qualidades, com suas belas flores e que exalam perfumes, mas que mais felizes ainda são aqueles que o amam com os seus chiqueiros, com suas misérias e defeitos! Amar os amigos com seus chiqueiros nos aproxima do grande amor que Deus tem por nós!
                Amizade é dádiva, é graça de Deus, já nos disse o Santo Padre, o Papa Bento XVI que “a amizade é uma das manifestações mais nobres do coração humano e tem em si algo de divino”, eu ouso dizer que as amizades são uma escolha divina e não meramente humana, a Mão de Deus pousa sobre o coração de duas pessoas, nas mais diversas situações, estabelecendo ali um elo muito forte, um elo de amor, que nada pode quebrar!
                Amizade é Sacramento, um sinal visível do amor de Deus por nós, daí a necessidade de cultivar como todo cuidado, assim como cuidamos da Eucaristia, como valorizamos o Batismo, Crisma, Ordem e o Matrimônio, tendo como palavra de ordem, o Amor - as amizades verdadeiras são assim, quanto mais nós as conhecemos, mais as amamos.
                Não tenhamos medo de escancarar os nossos corações, revelar os nossos jardins e os nossos chiqueiros. Não tenhamos medo de deitar toalha branca no altar da nossa vida, e nos sacrificar, nos arriscar e amar intensamente, assim como Jesus fez e faz conosco a cada dia!  
                Corramos este risco!

Amigo fiel: bálsamo da vida


Ninguém tem maior amor  do que aquele
que dá a vida por seus amigos.  (Jo 15,13)    

O que é amizade? O que significa ter um amigo? Muitas vezes, essas perguntas já vieram aos nossos corações e aos corações de tantos homens e mulheres na história. São questionamentos que sempre inquietaram a humanidade, ansiosa por obter definições para essa experiência tão fundamental na vida de todo homem. A amizade também é tema recorrente em muitos versículos da Palavra de Deus, a qual, muito mais do que apresentar respostas humanas, quer revelar os segredos mais íntimos do coração do Senhor quanto à experiência de se ter um amigo.
“Amigo fiel é bálsamo de vida; os que temem o Senhor vão encontrá-lo” (Eclo 6,16).

Esta é uma das muitas imagens apresentadas pela Bíblia para um amigo: bálsamo de vida. Mas o que é isso? Trata-se de uma resina aromática utilizada como perfume e também como remédio para ferimentos. Antigamente, era artigo raro e caro, chegando a valer duas vezes seu peso em ouro. Diante dessas características, quando o autor sagrado se refere a um amigo como “bálsamo de vida” ele está afirmando que uma amizade tem a capacidade de perfumar e curar a vida daqueles se permitem vivê-la.
Um amigo fiel traz em si o suave aroma do amor, capaz de transformar qualquer ambiente e situação hostil em lugar de tranquilidade. Quem já fez a experiência de ter um amigo ao seu lado em momentos de sofrimento sabe que, somente por aquela pessoa estar ali, o nosso coração se enche de segurança.
O amor que há em uma amizade verdadeira é sempre uma manifestação limitada, mas, ao mesmo tempo, concreta do Amor do Senhor por nós. Amor que sofre junto com o outro, que se faz presente, que se compadece dele e o fortalece. Diante da dor daquele a quem amamos, um amigo é como uma folha de eucalipto amassada nas mãos: exala e impregna o ar com um cheiro inconfundível, capaz de permanecer por muito tempo e atingir a todos os que estão à sua volta.
Vivemos em um mundo de pessoas feridas e machucadas por incontáveis decepções, as quais cada vez mais as lançam na solidão de suas dores. Bálsamo também é remédio; um amigo é fonte de cura. Uma amizade, quando é vivida de forma sadia, não somente é capaz de curar as feridas do nosso coração como também de nos lançar para os outros, fazendo-nos ir além de nossas chagas e não nos deixando parar em nossas dores.
Infelizmente, muitos não experimentam o poder curativo de uma amizade, pois – assim como a criança faz com o remédio lançado sobre o machucado – não aguentam o incômodo inicial que o amor puro de um amigo pode causar sobre as feridas de seu coração e preferem fugir. Por covardia descartam logo o “curativo” que Deus enviou, esquecendo-se da sabedoria de nossas mães que sempre afirmaram: “O que arde cura”. Quem não enfrenta o “arder” do amor no coração, nunca poderá ver as suas feridas saradas.
Como o bálsamo, um amigo de verdade é artigo raro e muito caro. Não é encontrado em qualquer esquina nem deve ser procurado em qualquer lugar. Amizade é iniciativa de Deus, por isso, deve ser recebida como dom de amor, como presente inesperado, mas sempre desejado. Por esse motivo só quem teme o Senhor, só quem experimentou e é experimentado no Seu Amor é capaz de encontrar um amigo fiel. Só quem conhece a verdadeira essência de um perfume é capaz de perceber seu rastro nas formas mais sutis.
Jesus teve amigos que foram bálsamos de vida. Amigos que transformaram o perfume de seu amor em unção, preparando-O para o Seu supremo momento de dor (cf. Jo 12,3). Amigos que foram, com a sua presença, cura para o Seu coração dilacerado pelo abandono na cruz (cf. Jo 19,25-26). Amigos que Lhe custaram Seu maior e mais caro ato de amor: dar a própria vida (cf. Jo 15,13).
O maior desejo de alguém que ama é ter o seu amor reconhecido pela pessoa amada. Por essa razão, não sejamos ingratos a ponto de, ao receber um presente, esquecer-nos de quem nos presenteou. Deus nos dá amigos para que estes possam nos revelar o quanto Ele nos ama. Ato de amor concreto para com o Senhor é não nos esquecermos disso e ter um coração profundamente grato Àquele que é fonte e origem de todo amor.
Que ao deparar com essas palavras seu coração se encha de alegria por ver que elas traduziram experiências da sua vida. Que sejam receitas simples para as chagas que permanecem abertas em sua alma. Que essas palavras exalem um perfume antes esquecido, e, ao alcançarem seus sentidos, devolvam-lhe o desejo e a esperança de encontrar um amigo de verdade.
Que Deus lhe dê a graça de ter um amigo capaz de, com sua simples presença, devolver o perfume à sua vida e de curar as feridas do seu coração.

Sacerdote - Alter Christus



Cristo (...) é o único Sacerdote da Nova Aliança, cuja duraçãerna, infinita. Exerceu na co é etruz o ofício de sacerdote de modo visível e foi nela a vítima cruenta; nos nossos dias continua a exercer invisivelmente o mesmo ofício e a sacrificar-se, incruentamente, nos nossos altares. Para ser de algum modo visível, fá-lo mediante homens, que investe de seu poder sacerdotal, dizendo-lhes: "Fazei isto em memória de Mim"

Daqui provém toda a dignidade do sacerdócio na Igreja Católica. Daqui o apelidar-se o sacerdote católico de "alter Christus" - outro Cristo. - Daqui o atribuir-se ao sacerdote católico o que se atribui a Cristo, dizendo dele: "Tu es sacerdos in aeternum secundum ordinem Melchisedech" (Sl 109, 4).

E isto tudo diz do sacerdote católico, porque não é mero instrumento nas mãos de Cristo, como o é a pena com que escrevo, mas é algo mais.

Explico-me: O instrumento não merece louvor, honra e glória; pois quem tal tributaria a uma pena, embora concorra para produzir obra prima de literatura? É que a pena age segundo for movida pelo escritor, como causa sua principal; e tanto faz quanto direta e imediatamente é movida; nada mais e nada menos.


Não assim o sacerdote; é algo mais nas mãos de Cristo. O sacerdote é mais que instrumento, é mais que mera causa instrumental: é causa ministerial. A causa ministerial consiste em que ela subministra e prepara tudo o que o agente deve ter ou é conveniente que tenha para poder agir; porque assim o reclama, quer a disposição intrínseca da coisa, quer a disposição extrínseca e positiva do mandante.

A causa ministerial, portanto, deve ser dotada de inteligência e vontade; pode, por conseguinte, frustrar, até certo ponto, os intentos do que dela pretende valer-se, não mesmo excluído o próprio Deus. Pode tornar-se conseguintemente desmerecedora ou merecedora das suas obras, porque delas responsável.

Daqui a dignidade suma e a responsabilidade tremenda do sacerdote, vigário de Cristo.

Não é um mero instrumento nas mãos de Cristo-Sacerdote; mas é um meio ministerial. Deu-se a Jesus livremente de corpo e alma, para, por seu meio, exercer as funções sacerdotais e perpetuar em sua pessoa o sacerdócio visível cá no mundo.

Cristo-Sacerdote veria irremediavelmente frustrada a sua obra de redenção, no dia em que já não contasse com um homem-sacerdote; não porque não lhe fosse possível uma nova ordem de coisas na grande e maravilhosa economia da redenção do gênero humano, mas porque a suave providência divina assim dispôs.

Cristo, o Sumo Sacerdote, o Sacerdote principal, continuará a exercer seus atos sacerdotais na terra só na pessoa de seus vigários visíveis: os sacerdotes católicos legítimos.

Deus, na sua infinita Providência, vigiará e fará com que seu  divino Filho possa encontrar sempre, até a consumação dos séculos, homens dignos e fiéis que se prestem com júbilo e alvoroço como suas causas ministeriais, para que possa dispensar, por intermédio deles, os frutos inestimáveis do sacrifício da cruz, renovado de modo incruento no santo Sacrifício da Missa.

Ó Grande Pontífice! Ó Sumo Sacerdote, Jesus Cristo, é então verdade que pusestes nestas criaturas, que se dizem homens, os vossos complacentes olhares?

"Ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum." Como a Virgem Maria, dado o seu consentimento, se tornou co-redentora do gênero humano, assim estas criaturas dão o seu consentimento, e tornam-se sacerdotes vossos; antes tornam-se um outro vós, um "outro Cristo" -Alter Christus. - Cala-te, língua! Pára, pena! Porque é mais importante o silêncio e mais significativa a carta em branco!